Ser Criativo
Seja qual for a definição de criatividade, penso que ela deve incluir a idéia de que a vida vale a pena – ou não – ser vivida, a ponto de uma criatividade ser- ou não – uma parte da experiência de vida de cada um.
Para ser criativa, uma pessoa tem que existir, e ter um sentimento de existência, não na forma de uma percepção consciente, mas como uma posição básica a partir da qual operar.
Em conseqüência, a criatividade é o fazer que, gerado a partir do ser, indica que aquele que é, está vivo. Pode ser que o impulso esteja em repouso; mas quando a palavra “fazer” pode ser usada com propriedade, já existe criatividade.
Retire os estímulos e o indivíduo não tem vida...
Essas coisas não são apenas uma questão de vontade e do arranjo e rearranjo da vida.
Por “viver criativamente” não estou querendo dizer que alguém tenha que ficar sendo aniquilado ou morto o tempo todo, seja por submissão, seja por reagir àquilo que o mundo impinge. Estou me referindo ao fato de alguém ver tudo como se fosse a primeira vez. “Apercepção” como palavra oposta a “percepção”...
Para uma existência criativa não precisamos de nenhum talento especial. Trata-se de uma necessidade universal, de uma experiência universal.
Somos infelizes, você e eu que, em certa fase, estamos conscientes da falta daquilo que é essencial ao ser humano, que é muito mais importante do que comer ou do que a sobrevivência física... E isso é algo que sentimos, mas também é algo da ordem do que não sabemos nomear muito bem.
Quando surpreendemos a nós mesmos, estamos sendo criativos e descobrimos que podemos confiar em nossa inesperada originalidade. Esse também é um sentimento que também não sabemos nomear muito bem, mas que, apesar disso, nos significa...
Valéria Guimarães
Psicóloga