O transplante pulmonar na fibrose cística – parte I: Quando está indicado.

Desde 1985, o transplante pulmonar tem sido uma opção para os pacientes com fibrose cística e que apresentam doença pulmonar em estágio final (doença pulmonar grave e muito avançada).

A avaliação da gravidade da doença pulmonar pode ser feita pelo exame de espirometria. A princípio, define-se como em estágio final de doença pulmonar todo paciente que apresenta um volume expiratório forçado no 1º segundo, também conhecido como FEV1 (em inglês) ou VEF1 (em português), igual ou menor do que 30% em relação ao valor normal. Este valor foi escolhido por sinalizar uma sobrevida de cerca de 50% em dois anos, que é o tempo médio que os pacientes aguardam na fila para realizar o transplante de pulmão nos EEUU e na Europa.

Este critério isolado, como indicador para o transplante pulmonar, tem sido muito questionado. Na Austrália, por exemplo, a sobrevida dos pacientes com FEV1 < 30% em dois anos é de cerca de 70%. Nos EEUU, 50% deste grupo de pacientes sobrevivem pelo menos 4,6 anos. Em Israel, a sobrevida mediana dos pacientes com FEV1 < 30% é de 7,3 anos.

Assim sendo, além do FEV1, outros fatores devem ser considerados para indicação do transplante pulmonar, tais como: taxa de declínio do FEV1, piora progressiva do quadro clínico (principalmente em mulheres), qualidade de vida muito deteriorada, necessidade freqüente de tratamento intravenoso, hemoptises maciças (sangramento pulmonar de grande volume), desnutrição decorrente da doença pulmonar e alterações graves detectadas no exame de gasometria arterial colhido sem uso de oxigênio suplementar(PCO2 > 50 mm Hg ou PO2 < 55 mm Hg).

A sobrevida dos pacientes com FC pós-transplantados de pulmão tem melhorado nos últimos anos. Nos EEUU, a sobrevida atual é de 81% no 1º ano, 59% em 5 anos e 38% em 10anos após o transplante. O FEV1 melhora em média de 25% (pré-transplante) para 79%(1º ano pós-transplante).

Existem situações que podem diminuir muito a chance de sucesso do transplante de pulmão, e contra-indicar a realização do procedimento. São consideradas contra-indicações: idade maior que 60 anos, desnutrição grave (índice de massa corporal menor que 17), uso de drogas, não adesão ao tratamento, problemas psico-sociais, infecção pulmonar pela Burkholderia cepacia (genomovar tipo III), infecção pelo HIV/AIDS, infecção pelos vírus da hepatite B ou C, doenças malignas em atividade (câncer) e insuficiência renal.

 

Dr. Alberto Andrade Vergara

Pneumologista

Coordenador do serviço de Fibrose Cística do Hospital Infantil João Paulo II.

Membro do Conselho Científico da AMAM

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